VIVA VOZ
VIVA VOZ é uma criação da Companhia Volante que busca reverberar o eco de vozes pretas do passado, fazê-las atravessar os tempos e atualizá-las Ao longo de três encontros, Isabel Figueira e Lucas Inácio performa entrevistas de pensadoras e artistas pretas brasileiras, uma colagem temporal de discursos, um ready-made verbal. A voz dos performers como porta-voz, canal de passagem para palavras ancestrais que, ao serem presentificadas na cena, (re)soam aqui e agora. Teatro, memória e evocação.
A incapacidade de produzir voz é chamada afonia: processo fisiológico de silenciamento devido a lesões dos órgãos da fala. Atrizes e atores sabem, no entanto, que todo processo fisiológico é também processo afetivo; que acionar a musculatura da voz, do corpo da voz, é, na verdade, acionar uma profunda musculatura existencial. E sabem também, porque só podem sobreviver em coletivo, que quando falam é a voz da sua época que fala através deles.O racismo é um projeto de afonia coletiva. Emudecimento das cordas vocais pretas de um país preto que enquanto insistir em falar branco vai sempre falar para separar e matar, ato de fala-embrutecimento. Como um adolescente que não adultece porque uma parte de si tem medo do próprio timbre. Medo de ser quem se é. Quem tem medo da voz preta?
Ficha técnica
Realização: Companhia Volante
Idealização: Isabel Figueira
Performance: Isabel Figueira e Lucas Inácio Nascimento
Coordenação e midias: Manuela Libman e Clarice Lissovsky
Edição e streaming: Hugo Rocha
Release: Tomás Braune
Direção de cena: Victor Newlands
Direção de arte: Luna Jatobá
Colaboração: Victor